segunda-feira, 30 de março de 2009

20 ANOS DE RATOS E URUBUS, LARGUEM MINHA FANTASIA.


ATÉ HOJE EMOCIONA...


O carnaval de 2009 marcou o vigésimo aniversário do emblemático desfile “Ratos e urubus, larguem minha fantasia” , ou simplesmente o ano dos mendigos, como a comunidade costuma chama-lo.

Permitam aqui que eu faça uma comparação carnavalesca: aquele desfile foi uma espécie de Woodstock misturado com o Círio de Nazaré envolvido pela mística dos terreiros de umbanda. Trocando em miúdos, um desfile que transcendeu ao conceito de desfile de escola de Samba.

Podemos enumerar uma série de grandes motivos que transformaram aquele desfile num frenesi sem precedentes, mas destaco aqui dois: a desconstrução do conceito de luxo e a harmonia.

Foi um desfile onde o Beija-flor de Nilópolis reinventou-se. E só uma escola muito segura de si pode ousar ao ponto de reescrever sua própria história. Fazendo uma comparação com a politica podemos dizer que o Beija-flor viveu naquele ano a experiencia de Getúlio Vargas, saiu da Avenida nos braços do povo.

É importante lembrar que o espetáculo não foi revolucionário apenas no aspecto estético: A Escola que se firmara entre as grandes como luxuosa entrava na avenida vestida de trapos. Havia naquele desfile também a revolução da pista: a reinvenção da harmonia.

Como e por que?

Em 1978 o Beija-flor cria a coreografia como um elemento a mais para os quesitos harmonia e evolução. E rapidamente a coreografia se transformou numa febre entre as escolas.

Os desfiles da década de oitenta foram marcados por uma série de coreografias. O que muitas vezes acabava por atrapalhar o desfile.

Outro elemento igualmente criado pela Beija-flor foi o visual. A beleza e grandiosidade das alegorias, embora criticadas no começo, acabaram por se transformar em patrão. O que inevitavelmente trouxe a super valorização do aspecto visual e deu aos carnavalescos o pleno desenvolvimento do desfile em detrimento ao trabalho em conjunto.

Este corte entre a criação do espetáculo e a direção de harmonia gerou uma série de problemas práticos na avenida. Resplendores que se enroscavam, fantasias pesadas demais, excesso de coreografias enfim os desfiles caminhavam para decadência.

A única escola que ainda mantinha-se fiel ao padrão antigo era a Estação Primeira de Mangueira, que aliás era o grande destaque daquela década até aquele amanhecer de fevereiro de 1989.

O Beija-flor foi triunfal. A escola entrou leve, cantando, as fantasias davam uma leitura clara do enredo, e o mais importante, não haviam coreografias, o que simplesmente tornou o Beija-flor originalíssimo na sua forma de desfilar.

O mais interessante foi ver que toda escola estava imbuída em transmitir a mágica do enredo. Até a diretoria vinha vestida de gari. Um espetáculo. Um desfile carnavalesco com C maiúsculo. Memorável...

E como tudo o que é muito bom geralmente não é compreendido, o Beija-flor ficou em segundo lugar...

Ah! Você quer que eu fale do Cristo Mendigo? Bem, isto é o tema do meu próximo artigo...rsrsrsrs

2 comentários:

  1. Aquele desfile foi a valorização maior da Beija-flor escola da baixada que passou a ser A escola da baixada, para mim também foi o topo do delírio carnavalesco do J30, depois disso ele só cometeu seus tropeços e assim aterrissou nosso Beija-flor.

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  2. É VERDADE MEU BOM AMIGO...20 ANOS, LÁ ESTAVA EU COM MEU TAMBORIM NA BATERIA DIRIGIDA POR MESTRE PELÉ. QUE EMOÇÃO ! QUE ESPETÁCULO ! QUE COMUNICAÇÃO ! QUE TUDO DE BOM ! NA VERDADE O JOÃO JUNTO COM SUA EQUIPE, INVENTARAM A CONTRA MÃO DO CARNAVAL. JOÃO TÃO CRITICADO (POR ENCHERGAR BEM A FRENTE DO SEU TEMPO), FEZ POR MAIS UMA VEZ O POVO DELIRAR DE FELICIDADE. ELE QUE DESDE 1976 COM GRANDES ESPETÁCULOS NA AVENIDA, FORA CRITICADO COM GIGANTESCOS CARROS QUE DIZIAM TIRAR O ESPAÇO DO SAMBISTA. E HOJE O QUE VEMOS?... A VISÃO DO ESTRAORDINÁRIO JOÃO TRINTA. PARABENS MEU AMIGO PAULO CEZAR DE ANDRADE POR SUA VISÃO INTELIGENTE A FRENTE DO TEMPO.

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